terça-feira, outubro 31, 2023

A Ajuda Humanitária e a Saúde na Palestina

Ano 18, No. 135, Outubro de 2023

Claudio Lottenberg[1] e André Medici[2]


Os sistemas de saúde de Israel e da Palestina

O sistema de saúde de Israel é conhecido por sua abrangência e alta qualidade em termos de serviços médicos. Desde 1948, Israel vem construindo um robusto e eficiente sistema público de saúde que, de acordo com o índice Bloomberg de 2020, levou o país a estar entre os 10 mais saudáveis do mundo. É um sistema de saúde onde o financiamento e entrega de serviços combina ações conjuntas do setor público e do setor privado.

Israel oferece cobertura universal de saúde para todos os seus cidadãos, garantindo o acesso aos serviços de saúde essenciais. Essas premissas estão estabelecidas na Lei Nacional de Seguro de Saúde de 1995. As principais instituições responsáveis pelo sistema de saúde de Israel são os Ministérios da Saúde e da Fazenda, as quatro Kupot Cholim (Clalit, Maccabi, Meuhedet e Leumit) que são seguradoras públicas de saúde, e o Instituto Nacional de Seguridade (Bituach Leumi), coordenador do sistema e responsável pelo recolhimento das contribuições que financiam as Kupot Cholim.

Além de fornecerem o seguro saúde, as Kupot Cholim desempenham um papel direto na prestação de serviços médicos, empregando médicos e administrando clínicas. Durante a pandemia, foram responsáveis por coordenar a campanha de vacinação contra a Covid 19. O governo financia os serviços de saúde para certas populações que não tem recursos para contribuir, como crianças, idosos e pessoas com necessidades especiais. Já o setor privado desempenha um papel significativo na prestação de serviços de saúde, com muitos israelenses optando por planos de saúde privados.

Israel é conhecido por oferecer serviços de saúde de alta qualidade. O país tem uma das maiores expectativas de vida no mundo e possui hospitais super bem equipados, tecnologia médica de última geração e equipes médicas altamente qualificadas. Além disso, Israel é um líder em pesquisa médica e inovação, o que contribui para a qualidade dos cuidados de saúde oferecidos.

O sistema de saúde de Israel, de origem socialista, se esforça para proporcionar igualdade no acesso aos serviços de saúde. A cobertura universal é um componente-chave para a equidade, garantindo que todos os cidadãos tenham acesso a cuidados médicos essenciais, independentemente de sua situação econômica. Os problemas ainda existentes, como tempos de espera para alguns tipos de tratamento e questões de acessibilidade em áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos, bem como o aumento dos custos dos cuidados de saúde podem trazer desafios orçamentários que são enfrentados cotidianamente pelo governo.

Já o sistema de saúde dos territórios palestinos[3] sofre graves restrições de funcionamento, especialmente desde 2006, quando o Hamas foi eleito para governar a Faixa de Gaza, e nunca mais realizou eleições, perpetuando-se como uma ditadura até o presente e utilizando todo seu esforço para sua missão, inscrita em sua carta de fundação, de destruir o Estado de Israel e eliminar todos os judeus. Desde então, o Hamas tem intensificado ataques terroristas a Israel, obrigando o país a defender-se e, posteriormente, a estabelecer um bloqueio territorial da Faixa de Gaza para minimizar os efeitos de novos ataques terroristas que são constantes por parte do Hamas.

Embora não haja transparência de como a Palestina administra seus fundos, estima-se que a ajuda externa à Palestina represente entre 50% e 80% do PIB[4] territorial, dos quais a maioria dos recursos é consumida pela Faixa de Gaza e desviada para a fornalha de gastos de guerra que alimenta os ataques terroristas a Israel. A ajuda, inclusive aquela dada pelas Nações Unidas e que deveria ser utilizada para fins humanitários, ou seja, financiar os sistemas de saúde, educação e políticas de assistência, tem sido desviada ilegalmente por parte do Hamas para fins bélicos e de treinamento de seus terroristas, bem como para enriquecer seus líderes, que em geral vivem fora da região e acumulam fortunas calculadas em bilhões de dólares, o que fecha o circuito autoritarismo-corrupção-violência, comum a este tipo de grupos radicais e a governos ditatoriais.

Além de desfinanciar o sistema de saúde de Gaza das doações internacionais destinadas para este fim, o Hamas acaba utilizando os hospitais da Faixa de Gaza para fins militares, trazendo efeitos negativos no acesso aos cuidados médicos e à saúde pública. Quando os hospitais são utilizados para operações militares, ou como centros de comando para operações terroristas, a função principal de prestação de cuidados médicos à população civil fica comprometida. Muitos pacientes deixam de receber atenção médica oportuna ou apropriada, o que pode levar a consequências fatais. Por outro lado, os pacientes que procuram tratamento nestes hospitais também passam a correr maiores riscos devido à sua proximidade com potenciais alvos militares. O Hamas utiliza a população palestina – principalmente mulheres e crianças – como escudos humanos para buscar solidariedade internacional a eventuais ataques que venham ocorrer, e os hospitais e escolas, onde estão os quartéis generais do Hamas, são os locais prediletos para que eventuais desastres logrem obter emocionalmente a solidariedade internacional.

A utilização de hospitais para fins militares coloca em perigo os pacientes, os médicos, os demais profissionais de saúde e as instalações médicas. Com isso, tem-se reduzido, ao longo do tempo, a capacidade global do sistema de saúde da região de Gaza. Esta redução compromete a capacidade de resposta a emergências médicas, tanto nos momentos de conflito como também durante necessidades rotineiras de cuidados de saúde, dado que traz danos físicos às infraestruturas de saúde, incluindo hospitais e clínicas. Esses danos podem resultar em interrupções de longo prazo no fornecimento dos serviços de saúde.

Ao mesmo tempo, esse processo mina a confiança que a população civil deveria ter nas instalações de saúde. As pessoas podem ficar relutantes em procurar cuidados médicos em hospitais que são quarteis de operação clandestina de atividades militares. Embora a utilização de hospitais de atendimento aos civis para fins militares seja proibida pelo direito internacional, o Hamas despreza a obediência a qualquer convenção ou proibição, dado que seu único objetivo é eliminar Israel e o povo judeu.

Por este motivo, a população palestina necessitada de serviços de saúde, em tempo de relativa paz, tem que contar com os serviços médicos oferecidos no território israelense, ou montada por Israel na área da Cisjordânia, para ser atendida. De acordo com a OMS, uma média mensal de 10 mil referências de pacientes da Faixa de Gaza, West Bank ou East Jerusalém foi direcionada para hospitais e serviços de saúde em Israel ou no Egito no ano de 2021. Muitas vezes ocorrem atrasos no atendimento a estas referências por parte de Israel, em função dos requisitos de segurança que tem que ser aplicados para evitar a passagem de terroristas para os territórios egípcio ou israelense. Além disso, o abastecimento de água, energia elétrica e alimentos na Palestina e na Faixa de Gaza tem sido feito com a ajuda israelense, o que demonstra a solidariedade histórica de Israel à população palestina, mesmo recebendo constantes ataques do Hamas.

A deterioração do sistema de saúde da Palestina, em que pese toda a ajuda externa recebida, decorre do domínio do Hamas sobre o sistema de saúde, do desvio dos recursos da saúde para as operações terroristas e do uso da população civil – especialmente mulheres e crianças - como reféns de uma guerrilha unilateral de longo prazo sem propósito e que, certamente, a maioria dos palestinos detesta. Isto faz com que o Hamas seja o principal responsável pela má qualidade do atendimento do sistema de saúde e das vidas palestinas perdidas. Por mais que a solidariedade internacional de grupos como a Cruz Vermelha e Médicos sem Fronteira, que realizam importantes trabalhos humanitários na saúde, seja relevante na Região, ela não consegue neutralizar o peso da influência negativa do Hamas no fracasso e deterioração do sistema de saúde palestino. Com pelo menos quinze anos de ditadura, a maioria da população palestina rejeita o Hamas e gostaria de se ver livre da sua dominação, mas essa maioria não tem meios para reagir ou para fugir, tendo que se submeter a espoliação diária de seus recursos e patrimônios e à utilização deturpada, para fins de guerrilha terrorista, das instalações e infraestrutura pública do território em que vivem.    

 

O contexto da guerra e o acesso à saúde

Os atos terroristas do Hamas ao invadir Israel de surpresa na noite de 7 de outubro de 2023 resultaram, até o momento, na morte de 1400 civis nas formas mais bárbaras possíveis, desde o assassinato de jovens num festival de música até a invasão de Kibutz e morte de famílias, decapitação de crianças, assassinato de mulheres grávidas e idosos e muitas outras atrocidades, além da captura e traslado de mais de 250 reféns civis para os tuneis e subterrâneos situados na Faixa de Gaza.

Apesar de sofrer um grande stress pela mobilização de recursos para atender vítimas, feridos e suas famílias, o sistema de saúde de Israel não entrou em colapso após os ataques terroristas do Hamas. Embora estes ataques tenham causado tensões e pressões adicionais sobre o sistema, devido ao tratamento de feridos e ao gerenciamento de emergências, Israel possui hospitais e instituições de saúde bem estabelecidas e robustas, com equipamentos médicos de alta qualidade e profissionais de saúde altamente treinados para lidar com emergências como esta. O sistema de saúde de Israel é projetado para enfrentar desafios desse tipo e continua a funcionar para atender às necessidades da população nessas circunstâncias, ainda que com mais dificuldades.

A resposta de Israel, através de ataques aéreos e da recente invasão terrestre para eliminar a ameaça do Hamas, procura evitar a mortalidade de civis, buscando concentrar-se em alvos militares do Hamas, e comunicar à população civil palestina, e especialmente às equipes dos hospitais e centros de saúde da região norte de Gaza, sobre necessidade de deslocar-se para o sul da Faixa de Gaza, jogando panfletos para a população e mobilizando o pessoal de saúde e as famílias para removerem, quando possível, os seus pacientes, doentes e feridos. Isto porque os ataques aos terroristas do Hamas têm se concentrado e vão se intensificar na área ao norte de Gaza, onde estão os túneis e quarteis subterrâneos do Hamas, muitos deles por debaixo de hospitais e escolas. Mas apesar de ter-se evidência de deslocamento de cerca de 1,1 milhões de habitantes do norte para o sul da Faixa de Gaza[5], o próprio Hamas tem impedido um deslocamento maior, através de bloqueios ou do assassinato de palestinos que tenham intenção de se deslocar, como forma de tentar manter sua estratégia de usar população civil indefesa como escudo humano contra os eventuais contra-ataques de Israel. Por estes motivos, a resposta israelense já trouxe, até o momento, a morte de pelo menos 8 mil civis e terroristas na Faixa de Gaza.

O próprio Hamas tem destruído as instalações de saúde situadas na faixa de Gaza por erros no envio de foguetes para Israel que acabaram atingindo a área de estacionamento de um de seus hospitais (Al-Ahli-Arab), matando civis, profissionais de saúde e pacientes internados. Apesar de tentar colocar a culpa desta destruição nos ataques aéreos de Israel, a imprensa internacional divulgou as evidências que mostram que o bombardeamento ao Hospital, ainda que acidental, veio de Gaza e não de Israel, dado que o Hamas tem pouca precisão no uso de seus foguetes e divulga frequentemente notícias falsas na imprensa internacional com o objetivo de confundir a opinião pública e ganhá-la ao seu favor.

Mas com a intensificação da entrada terrestre das forças de Israel na Faixa de Gaza, e na medida em que hospitais e centros de saúde da região são passagens subterrâneas para os quarteis generais do Hamas, torna-se praticamente impossível evitar que os hospitais e centros de saúde ao norte da Faixa de Gaza venham a ser destruídos pelas forças de Israel como parte das promessas do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de eliminar, de uma vez por todas, as ameaças que a existência do Hamas representa para a segurança da população israelense.

No contexto da guerra, várias situações, além do ferimento e eventual morte de civis, contribuem para a deterioração da saúde da população palestina, cabendo destacar: (a) o corte do fornecimento de energia, água, alimentos e suprimentos, afetando os hospitais situados na Faixa de Gaza, (b) os danos físicos e de infraestrutura aos hospitais e centros de saúde dessa região, (c) a interrupção das referências de pacientes graves da Faixa de Gaza para Israel ou para o Egito, que constituem, em tempos de paz, uma poderosa ferramenta de apoio ao sistema de saúde palestino; (d) os bloqueios à eventual ajuda humanitária internacional na faixa de Gaza pela interrupção das passagens fronteiriças, como a de Rafah, no Egito e de Erez e Keren Shalon, em Israel[6].

Essa situação tem levado as Nações Unidas (ONU) e a comunidade internacional a buscar esforços para garantir a ajuda humanitária à população palestina represada ao sul da faixa de Gaza, o que também tem sido difícil, dado que é necessário, tanto do ponto de vista de Israel como do Egito, realizar escrutínios rigorosos da entrada e saída de veículos, pessoas e mercadorias na Faixa de Gaza, não só para evitar a fuga de terroristas do Hamas escondidos entre a população refugiada[7], mas também a entrada de armas, combustíveis e suprimentos que possam ser aprisionados pelo Hamas para a manutenção de sua resistência às forças israelenses durante a guerra.

 

O que fazer com a ajuda humanitária?

As iniciativas das Nações Unidas, do Conselho de Segurança da ONU e mesmo de países membros isolados em buscar mediar o conflito, realizar tréguas temporárias ou criar corredores humanitários para a saída de refugiados ou entrada de ajuda internacional têm fracassado por não levarem em conta: (a) o direito de defesa de Israel aos ataques do Hamas, (b) a necessidade de um consenso tático-estratégico de que o Hamas é um grupo terrorista (e não um estado nacional democrático e representativo, como defendem os incautos) e, (c) de que a eliminação do Hamas será um bem público global, pois poderá garantir a paz futura numa região conflagrada por visões medievais de sociedade que ainda impedem os avanços democráticos do século XXI.

A eliminação do Hamas como pensamento, ideologia e milícia, impedirá, ainda, que a intolerância desses grupos terroristas venha a se conflagrar contra outras sociedades, seja por sua etnia, seja por suas crenças, valores ou religiões. Garantirá a libertação da população palestina de seu verdadeiro algoz – o Hamas - e a liberação de mulheres palestinas para a vida em sociedades que lhes criam oportunidades, com igualdade de gênero, e que tragam mais progresso econômico, social e felicidade. 

Ações humanitárias em saúde nesse momento são mais importantes do que nunca, desde que pautadas por precauções que evitem um recrudescimento da resistência e fortalecimento do Hamas. É com este espírito de precaução que, no curto prazo imediato, deveriam ser pautadas ações como a entrada de medicamentos, remédios, água e suprimentos de emergência, assim como pessoal de saúde e apoio para o trabalho com famílias, hospitais e centros comunitários. Só que estas estratégias deveriam ser planejadas sob a liderança e administração de Israel, ainda que com o apoio de doadores internacionais públicos ou privados e das Nações Unidas. Somente dessa forma se poderia planejar e estruturar áreas no território de Gaza já ocupado, protegidas dos ataques do Hamas e de seus apoiadores, para que a ajuda humanitária possa ser dada em segurança, mas sem interromper as estratégias de eliminação do terrorismo.

A médio e longo prazo, as Nações Unidas e o Conselho de Segurança da ONU devem, no lado prático da saúde, buscar consenso para garantir que todos os hospitais, centros e instituições de saúde – em qualquer parte do mundo[8] - sejam áreas desmilitarizadas, assegurando que o desvio no uso destas instituições para fins bélicos ou terroristas seja objeto imediato de denúncia e intervenção internacional. A atual arquitetura das decisões sobre governança global pode tornar difícil a aprovação deste consenso. Mas caso seja possível, isto evitaria que as ocupações de hospitais e instituições de saúde por milícias terroristas hoje encontradas, seja na Faixa de Gaza, seja em outras partes do mundo, venham a se repetir no futuro. Os argumentos demonstrados anteriormente mostram que a mortalidade em massa de palestinos e a falta de resposta do sistema de saúde de Gaza é responsabilidade direta e exclusiva do Hamas, e não de Israel.

Hospitais e Instituições de Saúde devem estar sempre preservados como áreas neutras e isentas de desvios de função, evitando, principalmente, que sejam utilizadas como escudos para o encobertamento de grupos terroristas. Nem mesmo o argumento da autodeterminação dos povos – hoje utilizado hipocritamente para defender ditaduras e o domínio inescrupuloso de tiranos sobre suas populações – deveria impedir a intervenção de forças internacionais em áreas ou países que desobedecerem a estas regras de preservação de hospitais e instituições de saúde.   

 



[1] Médico, Presidente do Conselho de Administração do Hospital Israelita Albert Einstein e Presidente da Confederação Israelita Brasileira.

[2] Economista de Saúde, Diretor da Iniciativa Universal Health Monitor.

[3] Que compreende dois territórios descontínuos, compostos pela Faixa de Gaza e pela Cisjordânia. Desde a guerra de Yon Kippur em 1973, Israel estabeleceu ao redor de 140 assentamentos em terras da Cisjordânia que supostamente pertenceriam aos palestinos, sendo dessa forma ocupadas ilegalmente pelas leis internacionais. Nestas áreas vivem atualmente cerca de 500 mil colonos e embora alguns desses assentamentos sejam autorizados outros foram construídos sem permissão do Governo de Israel. Muitas nações consideram que a expansão desses assentamentos é um obstáculo para a paz e futura coexistência de um Estado Palestino com o Estado de Israel.

[4] De acordo com o site The Global Economy (https://www.theglobaleconomy.com/Palestine/foreign_aid/) em 2021 a Palestina recebeu US$2,2 bilhões em ajuda externa para um PIB calculado em US$ 3,7 bilhões (West Bank e Gaza) o que daria uma relação de 59.5%.

[5] A Faixa de Gaza tem uma população estimada em 2,3 milhões de habitantes.

[6] Além de impedir ajuda humanitária e o tráfego de pessoas e mercadorias, o fechamento das passagens para a Faixa de Gaza representa o bloqueio para o trabalho cotidiano de 18 mil trabalhadores ocupados em Israel ou na Cisjordânia, com a perda de receita de cerca de US$ 2 milhões por dia para estas populações.

[7] O Hamas, por sua relação umbilical e apoio à Irmandade Muçulmana do Egito durante a Primavera Árabe, tornou-se uma dor de cabeça para o governo egípcio, o qual realizou uma contrarrevolução que derrubou este grupo rebelde em 2011. Além do mais, Egito e Israel mantêm fortes relações comerciais que são vitais para os dois países.


[8]
Com exceção de hospitais e centros de saúde militares, por suposto.