Ano 14, No. 104, Abril de 2020
André Cezar Medici
Conceitos de Distanciamento Social
Na ausência de vacinas e remédios eficazes para
tratar da pandemia do Covid-19 até o momento, o distanciamento social tem sido (quase
consensualmente) considerado como a forma mais adequada de enfrentar a pandemia
por propiciar um menor número de mortes e, como vimos na última postagem deste
blog, reduzir as consequências de longo prazo na profundidade e extensão da crise
econômica que emergirá em 2020 e, eventualmente, nos próximos anos.
No entanto, existem muitas dificuldades em
compreender e implementar o conceito de distanciamento social. Embora a maioria
dos países venha crescentemente implementando medidas de distanciamento social
como solução para o controle pandêmico, muitos o tem feito de forma incompleta
com percentuais baixos de adesão da população e das atividades produtivas. Outros
países, após iniciar a implementação das medidas de distanciamento social,
voltam atrás por pressões sociais e econômicas dos setores informais da
economia, de empresas, especialmente pequenas e médias, do comércio ou até por
temas de ordem política ou ideológica, não tomando conhecimento das evidências
da comunidade científica que amparam tais medidas.
O Centro Europeu para Prevenção e Controle de
Doenças publicou recentemente um guia para medidas de distanciamento social[i],
propondo uma classificação dessas medidas e suas justificativas, as quais podem
ser sintetizadas no quadro abaixo.
Descrição das Medidas de Distanciamento Social e sua Justificativa,
ao Individual e Coletivo
Medida
|
Descrição
|
Justificativa
|
Medidas
de Carater Individual
|
||
Isolamento
de casos
|
Casos
confirmados ou suspeitos de COVID19 são isolados. Se graves são gerenciados
em instalações dedicadas (hospitais) ou se leves, em casa.Em uma situação
de transmissão comunitária, indivíduos com sintomas são instruídos a ficarem
em casa de forma voluntária ou compulsória
|
Separar
doentes ou suspeitos de pessoas saudáveis para evitar a transmissão
|
Quarentena
|
Pessoas
saudáveis de grupos de risco (idosos, portadores de doenças crônicas, etc.)
são instruídos a ficar em casa para não contactar pessoas contaminadas em
ambientes públicos. Podem ser voluntárias ou compulsórias
|
Separar
pessoas de risco saudáveis de eventuais portadores do virus
|
Recomendação
para Ficar em Casa
|
Recomendação
geral para que todos (setores não essenciais da economia) fiquem em casa e evitem aglomerações e contatos
próximos com pessoas.
|
Reduzir
a transmissão, evitar aumento da morbidade e, assim, diminuir a pressão sobre
o sistema de saúde.
|
Medidas
de carater coletivo
|
||
Fechamento
de escolas
|
Fechamento
de escolas em todos os níveis, incluindo creches, universidades e institutos
de pesquisa
|
Prevenir
o contato de crianças e jovens expostos ao virus com adultos e portadores de risco desde o início da fase de transmissão por ser mais
eficiente. Deve ser complementada com medidas para evitar o encontro de jovens
fora da escola, a fim de garantir a eficácia.
|
Fechamento
ou flexibilização dos locais de trabalho
|
Fechamento
de escritórios, fábricas, pontos de venda, produção agrícola, construção,
restaurantes, cafés-bares, clubes esportivos, transporte, etc. Pode
incluir: horários ou turnos de trabalho flexíveis, oportunidades para
trabalho a distância, teletrabalho, incentivos a medidas físicas de
distanciamento no espaço de trabalho; aumento do uso de e-mail e
teleconferências para reduzir contatos próximos; contato reduzido entre
funcionários e clientes; adoção de políticas flexíveis de licença e promoção e
uso de medidas de proteção pessoal e ambiental
|
Evitar
a transmissão entre um número médio e grande de pessoas em espaços confinados
por longos períodos. Dependendo da proximidade das pessoas que trabalham em
diferentes locais de trabalho, bem como da taxa e natureza de suas interações,
diferentes indivíduos e grupos estarão em maior risco de infecção do que
outros. Portanto, os fechamentos podem ser direcionados para essas áreas.
|
Proteção
de Populações Especiais
|
Medidas
para limitar visitantes e o contato entre os internos de instituições com pessoas em ambientes confinados, tais como instituições de
longa permanência para idosos ou pessoas com necessidades especiais, Instituições
psiquiátricas, abrigos para indigentes e prisões.
|
Essas
instituições abrigam uma grande porcentagem de pessoas em grupos de alto
risco, geralmente são densamente povoadas, e os surtos de COVID-19 podem
levar a taxas de morbimortalidade significativas. As medidas devem ser aplicadas no
início do surto e continuar até a circulação do COVID-19 diminuir na
comunidade.
|
Cancelamento
de eventos de grande frequência
|
Fechamento
de teatros, cinemas, shows, eventos esportivos, festivais, eventos religiosos,
conferências, reuniões, feiras comerciais, etc.
|
Evitar
a transmissão entre um grande número de pessoas em espaços confinados ou mesmo
ao ar livre (por exemplo, partidas de futebol) e seus desdobramentos como
aglomerações na entrada e saída e uso de tansporte público.
|
Cordões
sanitários em edifícios, bairros, cidades ou regiões
|
Se
refere ao fechamento de áreas delimitadas onde a transmissão é considerada
elevada e põe em risco outras áreas, mas pode ser também considerada em caráter
de proteção de uma área em relação ao seu entorno.
|
Reduzir
a possibilidade de transmissão entre áreas, bairros, cidades e regiões.
|
Fonte: European Centre for Disease
Prevention and Control (ECDC)
No
Brasil, o Ministério de Saúde tem considerado uma classificação das medidas de
distanciamento social em três categorias[ii],
as quais tem mais a ver com a intensidade e a obrigatoriedade com a qual estas
medidas devem ser implementadas, listando suas vantagens e desvantagens, como se vê no quadro abaixo. Adicionei uma coluna com algumas
evidências alternativas que podem ponderar a decisão no uso destes tipos de
distanciamento social.
Tipos
de distanciamento social
|
Vantagens
|
Desvantagens
|
Evidências
Alternativas
|
Distanciamento Social Seletivo: (DSS) - Somente para grupos
de maior risco (idosos, condições crônicas, etc.)
|
Menor impacto econômico e laboral, criação
gradual de imunidade de rebanho controlada.
|
Pessoas de maior risco continuarão a ter
contacto domiciliar com pessoas assintomáticas, aumentando o risco de infecção
e utilização dos sistemas de saúde além da capacidade do sistema
|
Só funciona quando: (a) existem testes em larga escala (preferencialmente no inicìo da pandemia) para identificar os casos positivos e (b) mecanismos de rastreamento
e indentificação de pessoas de risco.
|
Distanciamento Social Ampliado - DSA: Todos permanecem em residência por decreto, com exceção de setores
essenciais.
|
Reduzir tempo de propagação, ganhar tempo
para testar casos e aumentar a capacidade dos serviços de saúde.
|
Grande impacto econômico com aprofundamento
da recessão, ruptura das cadeias de suprimento e aumento do desemprego.
|
Evidências com base em outras endemias mostram
que os efeitos econômicos podem ser altos no curto prazo, mas a
recuperação econômica é mais rápida e consistente do que nos casos de DSS.
|
Bloqueio Total (Lockdown):
Áreas identificadas de risco são bloqueadas e
fiscalizadas por profissionais de segurança - punições
|
É a forma mais rápida de sair de uma situação
pandêmica dada a necessidade de emergência nos serviços de saúde
|
Tem imenso impacto econômico no curto prazo,
alto custo de implementação e necessita de uma fase de DSS ou DSA posterior
para evitar uma segunda onda.
|
Experiências são recentes, como os casos da
cidade de Wuhan (provincia de Hubei) na China. Os resultados na redução da
curva pandêmica são muito rápidos.
|
O Ministério da Saúde também informa, considerando
que o tema do bloqueio total (lockdown) seria difícil no contexto econômico e
social brasileiro, que o distanciamento social ampliando (DSA) teria mais
impactos na redução da curva pandêmica do que o distanciamento social seletivo
(DSS), permitindo reduzir o número de casos e de mortes pelo Covid-19. O
gráfico abaixo publicado pelo Ministério da Saúde, mostra o impacto hipótetico
do DSA, DSS e da situação sem distanciamento social no achatamento da curva
pandêmica no Brasil, desde a semana epidemiológica 4 da doença (em pleno verão
de 2020) até a semana epidemiológica 39, no fim do inverno, em Setembro deste
ano.
O Instituto de Métrica e Avaliação de Saúde da
Universidade do Estado de Washington[iii],
conhecido em sua sigla com IHME, desenvolveu um modelo de simulação para
a projeção de casos da pandemia, que inclui, entre as variáveis de controle, medidas de distanciamento social implementadas pelo
"primeiro nível administrativo" de governo. Este modelo de simulação tem
sido utilizado pelo Governo Norte-Americano para as projeções oficiais do
número de casos e de mortalidade pelo Covid-19 e para a adoção das medidas de
distanciamento social que vem sendo utilizadas no país[iv].
No caso de um
país como os Estados Unidos, este primeiro nível de administração seriam os
Estados[v].
No caso de países como o Brasil, poderiam ser os Estados ou Municípios, dado
que nosso federalismo , como definido pela Constituição de 1988 é tripartite,
envolvendo a União, os Estados e os Municípios como níveis de governo de igual
relevância e independência[vi].
A base de
dados que alimenta o modelo de simulação do IHME, especialmente no que se
refere às medidas de distanciamento social, agrega alguns países europeus e os
Estados Unidos. Páises como a Itália,
Espanha e Alemanha não apresentam dados sobre as medidas de distanciamento
social implementada, mas para efeitos deste artigo, adicionamos dados correspondentes para completar a informação, ainda que os três
países tenham também regiões autônomas responsáveis pela decisão final sobre as medidas de distanciamento social implementadas.
Medindo o
Isolamento Social na Europa
O IHME
classificou as medidas de distanciamento social adotadas pelos Governos em
quatro áreas, todas mandatórias (compatíveis com o conceito de distanciamento
social ampliado). Estas áreas são: (a) isolamento domiciliar (ficar em casa),
(b) fechamento de escolas e instituições de ensino, (c) fechamento de
estabelecimentos comerciais e serviços não essenciais e, (d) severas restrições
a viagens aéreas. A tabela abaixo, com base nos dados do IHME de 10 de Abril
de 2020 (última atualização realizada no momento em que este artigo foi escrito) mostra a data em que apareceu o primeiro caso de
Covid-19 e as datas quando foram tomadas as medidas de
distanciamento social para mitigar a doença.
Distanciamento Social em Alguns Países Europeus: Datas das medidas aAdotadas entre
Março e Abril de 2020
Março e Abril de 2020
País
|
Data de Registro do Primeiro Caso
|
Ficar em Casa
|
Escolas Fechadas
|
Serviços não Essenciais Fechados
|
Restrições Severas a Viagens Aéreas
|
Tempo decorrido entre o Primeiro caso e a medida "Ficar em Casa"
|
Austria
|
25/02/20
|
16/03/20
|
16/03/20
|
16/03/20
|
-
|
20 dias
|
Belgica
|
04/02/20
|
18/03/20
|
14/03/20
|
18/03/20
|
-
|
35 dias
|
Bulgaria
|
08/03/20
|
13/03/20
|
13/03/20
|
13/03/20
|
-
|
5 dias
|
Croacia
|
25/02/20
|
17/03/20
|
16/03/20
|
19/03/20
|
23/03/20
|
22 dias
|
Chipre
|
09/03/20
|
24/03/20
|
13/03/20
|
24/03/20
|
17/03/20
|
15 dias
|
Rep. Tcheca
|
01/03/20
|
16/03/20
|
10/03/20
|
14/03/20
|
-
|
15 dias
|
Dinamarca
|
27/02/20
|
-
|
12/03/20
|
-
|
-
|
-
|
Estonia
|
27/02/20
|
-
|
16/03/20
|
-
|
-
|
-
|
Finlandia
|
28/01/20
|
-
|
18/03/20
|
04/04/20
|
25/03/20
|
-
|
França
|
24/01/20
|
16/03/20
|
12/03/20
|
14/03/20
|
17/03/20
|
51 dias
|
Alemanha(*)
|
27/01/20
|
-
|
27/02/20
|
-
|
-
|
-
|
Grecia
|
26/02/20
|
23/03/20
|
11/03/20
|
22/03/20
|
30/03/20
|
26 dias
|
Hungria
|
04/03/20
|
28/03/20
|
16/03/20
|
16/03/20
|
-
|
24 dias
|
Irlanda
|
29/02/20
|
27/03/20
|
12/03/20
|
24/03/20
|
-
|
27 dias
|
Latvia
|
03/03/20
|
-
|
12/03/20
|
-
|
-
|
-
|
Lituania
|
28/02/20
|
15/03/20
|
16/03/20
|
15/03/20
|
-
|
17 dias
|
Luxemburgo
|
29/02/20
|
-
|
16/03/20
|
18/03/20
|
-
|
-
|
Malta
|
07/03/20
|
-
|
13/03/20
|
23/03/20
|
-
|
-
|
Holanda
|
27/02/20
|
-
|
15/03/20
|
-
|
-
|
-
|
Noruega
|
27/02/20
|
-
|
12/03/20
|
-
|
-
|
-
|
Portugal
|
02/03/20
|
19/03/20
|
16/03/20
|
19/03/20
|
09/04/20
|
17 dias
|
Polonia
|
04/03/20
|
24/03/20
|
12/03/20
|
-
|
-
|
20 dias
|
Romania
|
27/02/20
|
23/03/20
|
11/03/20
|
21/03/20
|
-
|
25 dias
|
Eslovaquia
|
06/03/20
|
-
|
12/03/20
|
16/03/20
|
08/04/20
|
-
|
Eslovenia
|
05/03/20
|
20/03/20
|
16/03/20
|
15/03/20
|
16/03/20
|
15 dias
|
Suecia
|
31/01/20
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Suica
|
25/02/20
|
-
|
13/03/20
|
16/03/20
|
-
|
-
|
Reino Unido
|
31/01/20
|
23/03/20
|
23/03/20
|
20/03/20
|
-
|
52 dias
|
Italia (*)
|
31/01/20
|
09/03/20
|
04/03/20
|
11/03/20
|
-
|
38 dias
|
Espanha (*)
|
01/02/20
|
14/03/20
|
12/03/20
|
14/03/20
|
-
|
40 dias
|
(*) Paises
onde as medidas, ainda que recomendadas nacionalmente, dependem da adesão de
governos regionais
Os dados
mostram que:
(a) Dos 30 países listados somente 6 tomaram todas as quatro medidas de
distanciamento social; 13 adotaram três medidas; 4 tomaram duas medidas, 6 tomaram somente uma
medida e 1 (Suécia) não tomou nenhuma medida;
(b) todos os países, com exceção da Suécia[vii],
fecharam as escolas, tendo sido essa a primeira medida adotada em 27 dos
30 países listados na tabela acima. As medidas de distanciamento social nestes
países foram tomadas entre 27 de fevereiro (Alemanha) e 23 de
março (Reino Unido) do corrente ano;
(c) “ficar em casa”, foi uma medida adotada por 18 dos 30 países
listados, mas sua eficácia é difícil de ser avaliada, dado que depende do grau de adesao social. Na Espanha, por
exemplo, somente 36% das pessoas com mais de 65 anos aderiram a medida "ficar em casa" de acordo com pesquisas de opinião
realizadas a fins de março de 2020, quando se esperava um mínimo de 70% de adesão;
(d) 22 dos 30 países adotaram o fechamento de serviços não essenciais,
embora o conceito de essencialidade dos serviços pudesse ser interpretado diferentemente em
cada país;
(e) Somente 8 dos 30 países adotaram severas restrições a viagens aéreas,
embora com a redução da demanda, o número de viagens tenha despencado em todos
os países.
A medida “ficar em casa” pode ser considerada como a medida de maior eficácia relativa, dado que
tira de circulação um número significativo de pessoas consideradas como trabalhadores
não essenciais, reduzindo com mais intensidade e rapidez a circulação do virus. Nesse
sentido, vale a pena conhecer quanto tempo os países europeus demoraram para
adotar a medida "ficar em casa" desde o registro do primeiro caso de
Covid-19 nos respectivos países, conforme pode ser visto na última coluna da
tabela acima. A tabela abaixo mostra os países que tomaram as medidas de “ficar
em casa” de forma compulsoria, considerando o número de dias decorridos desde o
primeiro caso registrado.
Países Europeus
que Instituiram “Ficar em Casa” como Medida para a Redução da Expansão da Curva
Pandêmica do Covid-19
Dias decorridos entre o Primeiro caso
Registrado e a Medida “Ficar
em Casa”
|
Países
|
Menos de 10
dias
|
Bulgaria
|
11 a 20
dias
|
Austria, Chipre,
Rep. Tcheca, Lituania, Portugal, Polonia, Eslovênia,
|
21 a 30
dias
|
Croácia,
Grécia, Hungria, Irlanda, Romania,
|
31 a 50
dias
|
Belgica, Italia,
Espanha
|
Mais de 50
dias
|
França, Reino
Unido
|
Não tomaram
a medida
|
Dinamarca,
Estonia, Finlândia, Alemanha, Latvia, Luxemburgo, Malta, Holanda, Noruega, Eslováquia,
Suécia, Suiça,
|
Fonte: Baseado nos dados do IHME,
Covid-19
Impactos (indiretos)
das medidas de isolamento social na modelagem da mortalidade pelo Covid-19
O modelo do
IHME assume que, uma vez que seja instituido como política de estado, o
distanciamento social seria contínuo até o final do período modelado (4 de
agosto de 2020). O modelo também assume um nivel total de adesão da população
às medidas de distanciamento social a partir de maio de 2020[viii].
O modelo
assume que os primeiros níveis administrativos de governo, mesmo quando tornam
obrigatório o distanciamento social em uma dessas medidas, poderiam tender a adotar
as demais medidas em pelo menos sete dias, dado sua complementariedade. Também
supõe que a implementação e adesão a essas medidas pela população seria completa.
A cada atualização do modelo, a suposição de implementação completa das medidas
de distanciamento social em cada país é reavaliada e redefinida, dado que
qualquer atraso será refletido no aumento do número de mortes e no gap de
recursos (leitos e ventiladores mecânicos) dos sistemas hospitalares de acordo com o que o modelo estima.
O modelo considera
a hipótese de que, com o distanciamento social, o final da primeira onda da
epidemia poderia ocorrer no início de junho de 2020, e a questão de saber se
haverá uma segunda onda da pandemia dependerá do que for feito para evitar a
reintrodução do Covid-19 na população. Até o final da primeira onda, estima-se que a grande maioria da população ainda estaria vulnerável
ao contágio pelo Covid-19 e, portanto, seriam necessárias medidas para evitar uma
segunda onda da pandemia antes de haver a disponibilidade de uma vacina. A
manutenção das medidas de distanciamento social pode ser complementada ou
substituída por esforços em todo o país, como a testagem de população em massa,
rastreamento de contatos a partir dos casos positivos e quarentena seletiva
daqueles testados como positivos.
Dadas essas medidas, a última estimativa do
modelo para os países europeus (em 10 de abril de 2020) mostra os seguintes
resultados nas taxas de mortalidade (por 100 mil habitantes), de acordo com o
número de dias desde o primeiro caso que o país tomou a medida compulsória de “ficar
em casa".
Número de mortes estimadas no pico da
pandemia, número de mortes totais estimadas até 4 de agosto e taxas de
mortalidade estimadas (por 100 mil habitantes) pelo Covid-19 em 30 países
europeus, de acordo com o modelo do IHME
Data estimada do pico no número de casos
|
Número de mortes diárias de Covid-19 estimadas no pico
|
Número total de mortes estimadas de Covid 19 em 04-08-20
|
Taxa de Mortalidade estimada por Covid-19 em
04-08-20
(por 100 mil habitantes)
|
|
Países com medidas para “ficar em casa” nos
primeiros 10 dias apos o primeiro caso
|
||||
Bulgaria
|
08-05-2020
|
4
|
66
|
0.9
|
Países com medidas para “ficar em casa” entre 10 a
20 dias após o primeiro caso
|
||||
Rep. Tcheca
|
09-04-2020
|
13
|
247
|
2.3
|
Lituania
|
10-04-2020
|
6
|
85
|
3.0
|
Eslovenia
|
07-04-2020
|
6
|
88
|
4.3
|
Austria
|
08-04-2020
|
30
|
421
|
4.6
|
Portugal
|
03-04-2020
|
37
|
625
|
6.1
|
Polonia
|
28-04-2020
|
72
|
2450
|
6.4
|
Chipre
|
30-03-2020
|
2
|
40
|
10.7
|
Croacia
|
18 a 24-04-2020
|
6
|
126
|
3.0
|
Grécia
|
19 a 27-4-2020
|
11
|
373
|
3.5
|
Hungria
|
22-04-2020
|
15
|
386
|
3.8
|
Romania
|
16-04-2020
|
33
|
758
|
3.7
|
Irlanda
|
07-04-2020
|
36
|
527
|
10.8
|
Países com medidas para “ficar em casa” mais de 30
dias após o primeiro caso ou que não tomaram esta medida
|
||||
Eslováquia
|
27-04-2020
|
9
|
113
|
2.1
|
Finlândia
|
22-04-2020
|
8
|
229
|
2.4
|
Alemanha
|
13-04-2020
|
272
|
7332
|
8.9
|
Estonia
|
03-05-2020
|
15
|
499
|
9.4
|
Luxemburgo
|
11-04-2020
|
8
|
264
|
12.3
|
Malta
|
21-04 a 10-05-2020
|
2
|
62
|
12.8
|
Noruega
|
04-05-2020
|
19
|
811
|
16.5
|
Latvia
|
01-05-2020
|
12
|
337
|
17.4
|
França
|
05-04-2020
|
941
|
17448
|
26.0
|
Dinamarca
|
06-05-2020
|
45
|
1669
|
28.8
|
Itália
|
27-03-2020
|
969
|
21130
|
35.0
|
Reino Unido
|
13=04-2020
|
1156
|
23791
|
35.7
|
Espanha
|
01-04-2020
|
950
|
18713
|
40.0
|
Bélgica
|
10-04-2020
|
496
|
6041
|
52.6
|
Suiça
|
07-05-2020
|
130
|
5974
|
70.1
|
Holanda
|
06-05-2020
|
440
|
15834
|
91.8
|
Suécia
|
08-05-2020
|
560
|
18332
|
180.8
|
Fonte: Estimativas do IHME – Modelo de Simulação do Covid-19 e Jonhs Hopkins
University – Coronavirus
Os dados desta tabela falam por si. As taxas
de mortalidade acumuladas por 100 mil habitantes associadas ao Covid-19, em
geral, aumentam na medida em que aumenta o tempo em que os países demoraram
para promulgar a medida de “ficar em casa” durante a pandemia.
Assim, a Bulgaria, que tomou a medida em apenas 5 dias após o primeiro caso, chegaria a meados de agosto com uma taxa acumulada de 0.9 mortes
por 100 mil habitantes por Covid-19.
Mas os países que tomaram medidas de “ficar em
casa” depois de passados mais de 30 dias do primeiro caso, teriam taxas de
mortalidade pelo Covid-19 sensivelmente mais elevadas. A Suécia, por exemplo,
que não tomou nenhuma medida de distanciamento social extensivo, alcançaria uma
taxa de mortalidade acumulada pelo Covid-10 de 180.9 por 100 mil. Algumas
exceções, como os casos da Eslováquia, Finlândia, Alemanha e Estônia, estão
associados a fatores de êxito em processos de distanciamento social seletivo (DSS).
A Alemanha, aplicou testes em massa para
selecionar populações de risco e desenvolveu técnicas de rastreamento de casos extremamente
bem sucedidas. Desde fevereiro o país começou a realizar testes em massa e a
ordenar o isolamento social dos casos positivos, além de fechar escolas e creches.
Até o dia 2 de abril, este país já havia realizado mais de um milhão de testes,
oferecidos de forma regular nos laboratórios descentralizados em todas as regiões do
país.
Os testes foram fundamentais para detonar um
processo de rastreamento de casos positivos e para implementar medidas
seletivas de distanciamento social sem que houvesse a necessidade de confinar a
totalidade da população, como fizeram outros países. Além disso, a Alemanha tem
uma grande quantidade de leitos e de leitos de UTI, garantindo uma margem de
segurança para um aumento desproporcional do número de casos nos picos da
pandemia.
4. Estimativas das Necessidades de Leitos,
Leitos de UTI e respiradores mecânicos
Um outro tema considerado no modelo de
projeção de casos do Covid-19 do IHME é o risco de sobrecarga do sistema de
saúde, dado pelas necessidades de leitos, leitos de UTI e ventiladores
mecânidos no pico de número de casos da pandemia em cada país. Neste caso, se
estima se haverá deficit de leitos e leitos de UTI, bem como qual seria o número
(não o déficit) de ventiladores necessários neste dia. A tabela abaixo mostra o
resultados destas estimativas (datadas de 10 de abril de 2020).
Déficits de leitos, leitos de UTI e necessidades
de respiradores no pico da pandemia do Covid-19 em 30 países europeus, de
acordo com o modelo do IHME
Países
|
Data estimada do pico no número de casos
|
Deficit de Leitos durante o pico do número de casos
|
Déficit de Leitos de UTI durante o pico do número
de casos
|
Número de ventiladores mecânicos diários
necessários no pico do número de casos
|
Países com
medidas para “ficar em casa” nos primeiros 10 dias apos o primeiro caso
|
||||
Bulgaria
|
08-05-2020
|
0
|
0
|
20
|
Países com
medidas para “ficar em casa” entre 10 a 20 dias após o primeiro caso
|
||||
Rep. Tcheca
|
09-04-2020
|
0
|
0
|
76
|
Lituania
|
10-04-2020
|
0
|
0
|
27
|
Eslovenia
|
07-04-2020
|
0
|
0
|
27
|
Austria
|
08-04-2020
|
0
|
0
|
165
|
Portugal
|
03-04-2020
|
0
|
150
|
238
|
Polonia
|
28-04-2020
|
0
|
0
|
557
|
Chipre
|
30-03-2020
|
0
|
0
|
9
|
Países com
medidas para “ficar em casa” entre 21 a 30 dias após o primeiro caso
|
||||
Croacia
|
18 a 24-04-2020
|
0
|
0
|
46
|
Grécia
|
19 a 27-4-2020
|
0
|
0
|
83
|
Hungria
|
22-04-2020
|
0
|
0
|
111
|
Romania
|
16-04-2020
|
0
|
0
|
239
|
Irlanda
|
07-04-2020
|
0
|
148
|
199
|
Países com
medidas para “ficar em casa” mais de 30 dias após o primeiro caso ou que não
tomaram esta medida
|
||||
Eslováquia
|
27-04-2020
|
0
|
0
|
59
|
Finlândia
|
22-04-2020
|
0
|
2
|
56
|
Alemanha
|
13-04-2020
|
0
|
0
|
1619
|
Estonia
|
03-05-2020
|
0
|
83
|
111
|
Luxemburgo
|
11-04-2020
|
0
|
7
|
39
|
Malta
|
21-04 a 10-05-2020
|
0
|
0
|
15
|
Noruega
|
04-05-2020
|
0
|
65
|
147
|
Latvia
|
01-05-2020
|
0
|
39
|
92
|
França
|
05-04-2020
|
0
|
4754
|
5939
|
Dinamarca
|
06-05-2020
|
0
|
285
|
337
|
Itália
|
27-03-2020
|
0
|
4503
|
5939
|
Reino Unido
|
13=04-2020
|
16553
|
1862
|
7731
|
Espanha
|
01-04-2020
|
0
|
5584
|
6342
|
Bélgica
|
10-04-2020
|
0
|
1684
|
2282
|
Suiça
|
07-05-2020
|
0
|
890
|
969
|
Holanda
|
06-05-2020
|
0
|
2748
|
3279
|
Suécia
|
08-05-2020
|
15775
|
4511
|
4123
|
Fonte: Estimativas do Modelo de Simulação do IHME
As estimativas do IHME mostram que, no que se
refere a necessidade de leitos comuns, somente dois países apresentarão défict:
o Reino Unido, que decretou o distanciamento social extensivo com mais de 30
dias depois do primeiro caso de Covid-19 e a Suécia, que não tomou nenhuma
medida de isolamento social extensivo como “ficar em casa”.
No que se refere aos leitos de
UTI, somente dois países que tomaram a medida “ficar em casa” em menos de 30
dias depois do primeiro caso apresentariam déficits de leitos de UTI: Portugal e Irlanda. Mas a grande maioria dos
países que tomaram esta medida com mais de 30 dias (ou que não tomaram a referida medida), terão
déficits de leitos de UTI, como pode ser observado na tabela acima. Somente a Eslováquia,
Alemanha e Malta, não apresentariam déficits de leitos de UTI nos picos de
casos.
Esses dados mostram claramente como o distanciamento social ampliado, tomado logo no início da ascenção da curva pandêmcia, é a melhor forma de evitar mortes associadas ao Covid-19, bem como evitar a sobreocupação de leitos de UTI durante uma crise pandêmica.
Esses dados mostram claramente como o distanciamento social ampliado, tomado logo no início da ascenção da curva pandêmcia, é a melhor forma de evitar mortes associadas ao Covid-19, bem como evitar a sobreocupação de leitos de UTI durante uma crise pandêmica.
Considerações Finais
Numa situação de desconhecimento dos processos
de transmissão do Covid-19 em função da escasses de testes para descobrir e
isolar os positivos, bem como para rastrear os contactos destes, o
Distanciamento Social Ampliado, medido pela eficácia de medidas como “ficar em
casa”, parece ser a melhor solução para evitar um crescimento exagerado do
número de casos e mortes pelo Covid-19, bem como para não sobrecarregar os
níveis de utilização dos serviços de saúde nos picos da enfermidade.
Mas o momento onde há distanciamento social
deve ser aproveitado para aumentar a capacidade de realizar testes para detectar casos positivos e, com isso, encontrar portas de saída nas regiões onde, após o
pico, o decréscimo do número de casos positivos pode dar segurança para a retomada de atividades laborais pela população não
infectada, num ambiente seguro para evitar o aparecimento de uma segunda onda da pandemia.
Países que “perderam o bonde” da testagem em
massa no momento adequado não podem mais adotar estratégias como a que foi realizada na Alemanha,
onde a pandemia foi enfrentada com um Distanciamento Social Seletivo.
Mas tomemos o caso da Itália. As experiências da
Lombardia e Veneto, duas regiões italianas vizinhas, tiveram estratégias
diferentes para sua resposta ao coronavírus, obtendo também resultados
diferentes. Até o dia 13 de Abril, a Lombardia, com 10 milhões de pessoas
sofreu 35.000 casos Covid-19 que levaram a cerca de 5.000 mortes. Mas Veneto,
com 5 milhões de pessoas, teve apenas 7.000 casos e menos de 300 mortes.
Porquê a diferença? Veneto, ao adotar uma estratégia de Distanciamento Social Ampliado, fez testes
extensivos para pessoas com sintomas e pessoas assintomáticas também foram
testadas sempre que possível. Veneto implementou um rastreamento proativo de
casos, ou seja, se alguém testou positivo, todos com quem conviviam eram testados
ou, se os testes não estivessem disponíveis, eles deveriam fazer isolamento
social. A ênfase foi no diagnóstico e atenção domiciliar, utilizando
profissionais de saúde que visitaram as casas de pessoas com suspeita de
Covid-19 para coletar amostras para teste, impedindo-os de serem expostos ou
expor o risco a outras pessoas ao visitar um hospital ou consultório médico.
Além disso, Veneto fez um intenso monitoramento do risco de trabalhadores vulneráveis:
médicos, enfermeiros, cuidadores em casas de repouso e até caixas de
supermercado e farmacêuticos para evitar possivel infecção, disponibilizando
equipamentos de proteção pessoal para limitar a exposição. A Lombardia, por
outro lado, foi muito menos agressiva em todas essas frentes: testes, rastreamento
proativo, atendimento domiciliar e monitoramento de trabalhadores. Mas, com o
tempo, a Lombardia passou a adotar as mesmas estratégias que foram utilizadas
em Veneto.
Uma abordagem eficaz em relação ao Covid-19
exigirá uma mobilização ampla - tanto em termos de recursos humanos e
econômicos, como de coordenação de diferentes partes do sistema de saúde
(instalações para teste, hospitais, médicos de atenção primária, etc.), entre
diferentes entidades, tanto no setor público como no setor privado e na sociedade
em geral. A resposta a esta crise exigirá processos de tomada de decisão
diferentes dos usuais.
[i] European
Centre for Disease Prevention and Control – ECDC (2020), Considerations
relating to social distancing measures in response to COVID-19 – second update,
Stockholm, 23 March 2020,
[ii] Brasil, Ministério da Saúde,
Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública, Doença pelo Coronavirus
2019, Boletim Epidemiologico 07, 6 de abril de 2020, Semana Epidemiológica 15
(05-10/04), Brasilia (DF).
[iii] O Institute of Health Metrics
and Evaluation (IHME) é uma das mais importantes instituições de produção
de dados e avaliações dos sistemas de saúde ao nível mundial. O IHME foi criado
em junho de 2007 com base em doações financiadas majoritariamente pela Fundação
Bill & Melinda Gates. É composto por um conjunto de pesquisadores líderes
nas áreas de saúde pública internacional, os quais se notabilizaram no passado
por inovações metodológicas em medidas epidemiológicas, como os conceitos de
carga de enfermidade e esperança de vida saudável. Tem contribuido
continuamente com estudos essenciais sobre mortalidade, morbidade e sistemas de
saúde ao nível mundial e tem uma das maiores bases de dados nestes temas
cruzados com determinantes econômicos e sociais da carga de doença. O Conselho do IHME inclui vários nomes de destaque, entre eles,
Julio Frenk, ex-Ministro de Saúde do México, ex-Diretor da Organização Mundial
da Saúde, ex-decano da Escola de Saúde Pública de Harvard e atual Presidente da
Universidade de Miami; Harvey Fineberg; Gro Harlem Brundtland, ex-primeira ministra
da Noruega e ex-Presidente da Organização Mundial de Saúde; Tedros Adhanom
Ghebreyesus, ex-Ministro da Saúde da Etiópia e atual Presidente da Organização
Mundial da Saúde, entre muitos outros. O IHME é presidido, desde sua criação
pelo médico e economista de saúde Christopher J.L. Murray.
[iv]
Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME). United States COVID-19
Hospital Needs and Death Projections. Seattle, United States of America:
Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), University of Washington,
2020.
[v] Os Estados Unidos não tem o
conceito de Município, mas se organiza através de dois níveis de governo mais próximos das populações locais: o Condado (County) e a Cidade (city).
Algumas cidades são capitais de condados. Na maioria dos condados, o
administrador é indicado por um Conselho do Condado, cujos membros são eleitos.
Em outros condados, o executivo (county executive) é diretamente eleito para
esta função, também podendo ser chamado de oficial administrativo (CAO) ou juíz
do condado. Um condado pode conter várias cidades, mas grandes cidades costumam ser independentes, não estando associadas a nenhum condado.
As mega-cidades, como New York, Los Angeles, etc. tem outros tipos de divisão
administrativa com seus administradores, em alguns casos eleitos e outros não.
As cidades, em geral tem prefeitos (mayors) que podem ser conceituados como "fortes" (quando eleitos diretamente pela população) ou prefeitos fracos, escolhidos
entre os membros de um Conselho da Cidade (City Council). No primeiro caso, o prefeito escolhe os chefes de cada departamento da organização administrativa
da cidade e o City Council funciona como uma espécie de poder legislativo. No
segundo caso, o Prefeito é uma espécie de primeiro ministro de uma estrutura de
city council parlamentarista.
[vi] Aliás, na semana passada, o
Supremo Tribunal Federal (STF), por determinação do Ministro Alexandre de Moraes, determinou que a decisão última sobre as
medidas de distanciamento social para questões relacionadas ao Covid-19 são de
ordenamento dos Estados e Municípios, não podendo ser bloqueadas pelo Governo
Federal.
[vii] Embora a maioria dos governos
tenham adotado medidas de distanciamento social ampliadas para tentar para impedir
a disseminação do coronavírus, a Suécia vem aplicando uma estratégia de distanciamento
social seletivo para grupos de risco e, com isso, tem permitido a realização de
eventos coletivos, mantido escolas para crianças abertas, e permitindo que os
estabelecimentos, incluindo os não essenciais, permaneçam abertos. As razões
pelas quais as autoridades suecas adotaram esta estratégia é a resiliência.
Segundo, Peter Lindgren, diretor do Instituto Sueco de Economia da Saúde, o
Covid-19 poderá exigir do governo um perído prolongado de enfrentamento da
pandemia e se todo o arsenal de medidas para evitar a disseminação do virus é
utilizado de uma só vez, será muito difícil manter essa situação a longo prazo.
Nesse sentido, eles preferem colocar medidas seletivas em prática que teriam um
impacto negativo menor na atividade econômica e poderiam manter a evolução da
pandemia sob controle. Mas os resultados demonstram uma situação preocupante. Em
9 de abril, as taxas por 100 mil habitantes de mortes confirmadas por
coronavírus da Suécia eram superiores a de seus pares escandinavos Com
hospitais superlotados e funcionários sobrecarregados, hospitais de campanha começam
a ser erguidos nas principais cidades, e o governo começa a estudar a adoção de
medidas de distanciamento social mais restritivas.
[viii] Esta hipótese pode não ser
plausível, dado que dado que nem todos os países fazem pesquisas ou medições
sobre o grau de adesão a estas medidas como as indiretamente feitas por
deslocamentos dos telefones celulares e monitoradas pelas companhias de
telecomunicações em alguns países.
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